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Um roteiro por Bagé, conhecida como a Rainha da Fronteira

Em Bagé, bem pertinho do Uruguai, visitante conhece um pouco da história do povo rio-grandense


A Campanha gaúcha é região de criação pecuária, de ovinos e cavalos crioulos, terra da agricultura e do bioma pampa, único no mundo e capaz de conferir à carne um sabor sem igual. O caminho até lá tem muito campo, gado e lavoura. A vista se perde na imensidão.

Nosso destino, o município de Bagé é considerado a Rainha da Fronteira por estar perto do Uruguai. Seus campos foram disputados por índios, portugueses e espanhóis. Nossa primeira parada, a Praça da Matriz, foi o lugar onde tudo começou.


– Em 17 de julho de 1811, Dom Diogo de Souza (então capitão-general da recém-criadas Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul) veio para invadir o Uruguai. Passando por aqui, deixou algumas pessoas que estavam meio doentes. Ele pegou um junho de muito frio. A partir dali, iniciou-se o povoado de Bagé, em frente à nossa catedral – explica o turismólogo Juliano Munhoz.

A beleza do casario antigo encanta.

– Uma arquitetura maravilhosa, que sempre remonta à minha infância, quando caminhava pelas ruas de Bagé. O colégio em que estudei, o museu Dom Diogo de Souza... As próprias calçadas são lindas, a gente não encontra em qualquer cidade – comenta a empresária Ana Maria Gallo Firpo.

Outro destaque é o palacete Pedro Osório, construído no início do século 20. Hoje sede da Secretaria Municipal de Cultura, já abrigou uma escola – mas só pode ser admirado de fora. Ele é um dos muitos prédios antigos que foram revitalizados nos últimos anos. Como a Casa de Cultura Pedro Wayne, que, no início do século passado, abrigou uma casa de comércio, depois um banco e, atualmente, é uma galeria de arte, que pode ser visitada diariamente, de graça.

Seguindo viagem, chegamos à cidade cenográfica de Santa Fé, erguida no Parque do Gaúcho, a 11 quilômetros do centro da cidade. Ela foi montada especialmente para as gravações do filme O tempo e o vento (2013) e virou uma atração de Bagé. A visita custa R$ 5.

Dali, partimos para o centro histórico Vila de Santa Thereza, uma antiga charqueada. O passeio, gratuito, é uma viagem de volta ao século 19, quando a linha férrea foi construída ali. Com ela, chegou um novo ciclo de desenvolvimento econômico para a cidade baseado no charque.

– Após a fundação da charqueada de Santa Thereza, em seu entorno cresceu uma vila operária, com moradia e todos os equipamentos necessários. Era uma minicidade dentro de Bagé, com luz elétrica independente – conta a coordenadora da vila, Adriana Gonçalves.

A charqueada, fundada pelo Visconde de Ribeiro Magalhães, foi adquirida mais tarde pela família Moglia. E é na pousada administrada por um dos descendentes da família a nossa próxima parada. Cercada pela mata, onde o turista pode fazer passeios a cavalo e acompanhar a lida, a propriedade conserva seus campos nativos cobertos por gado e cavalos crioulos.

As cabanas e os apartamentos temáticos, como o de Bento Gonçalves ou o chalé General Neto, oferecem o conforto de uma hospedagem urbana com a tranquilidade de uma noite de sono em meio à natureza. As diárias, por pessoa, custam R$ 100. Os hóspedes são recebidos com um café campeiro preparado ali mesmo, em uma casa feita de torrão erguida há quase cem anos.

– Diz a tradição gaúcha que se pegava os torrões nas várzeas com um facão e, depois, os levava para fazer as construções. Eles iam empilhando, meio piramidal, porque não tinha cimento para colar um torrão no outro. Era o pasto que segurava. E estamos aí há quase um século, ainda em pé – diz o administrador da propriedade, Ricardo de Souza Lopes.


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